Todo negócio começa com planejamento — se você não fez no começo, pare tudo e faça agora

Quando falamos de negócios, há uma máxima silenciosa que poucos gostam de encarar: ou você planeja, ou você paga o preço da improvisação.

No entusiasmo de tirar uma ideia do papel, muitos empreendedores acreditam que basta a paixão para fazer um negócio prosperar. Só que paixão sem direção é como remar em mar aberto sem bússola: você até se move, mas não sabe para onde vai — e corre o risco de naufragar.

O peso dos números

O SEBRAE aponta que a falta de planejamento está entre as principais causas de fechamento de micro e pequenas empresas no Brasil. E quando olhamos para os dados globais, a realidade é ainda mais dura: segundo o Global Entrepreneurship Monitor (GEM), cerca de 30% das novas empresas não sobrevivem aos primeiros dois anos, 50% fecham até o quinto ano e apenas um terço resiste por dez anos.

No universo das startups — onde paixão e pressa costumam atropelar o planejamento — o cenário é ainda mais drástico: cerca de 90% não chegam ao sucesso esperado. Em muitos casos, os founders subestimam o peso de um plano de negócio bem construído, apostando apenas em intuição e no “vai dar certo”.

Casos de sucesso que nasceram do planejamento

Nubank: antes mesmo de lançar seu primeiro cartão, o time já havia mapeado concorrência, dores do cliente e barreiras regulatórias. O plano não foi estático; ele evoluiu, mas deu o norte. Resultado: um dos maiores cases de fintechs do mundo.

Reserva: começou com uma loja no Rio de Janeiro e, desde o início, trabalhou com clareza de propósito e plano de expansão. Hoje, o grupo vai muito além da moda, com negócios de alimentação e tecnologia.

Casos de fracasso por ausência de planejamento

Blockbuster: a gigante de locadoras tinha tudo — exceto visão de futuro. Ignorou as mudanças de mercado e os sinais claros de que o consumo migrava para o digital. Não foi apenas falta de inovação, mas de um planejamento que previsse cenários.

Startups locais de delivery (pós-pandemia): em várias cidades do Brasil, vimos negócios surgirem em ritmo acelerado durante a pandemia. Muitos não passaram de 2022. O motivo? Não calcularam custos logísticos, não entenderam margens e não se prepararam para a mudança de hábito quando o mercado reabriu.

O equívoco mais comum

Há quem pense: “Mas já comecei, não fiz plano, e agora não faz sentido voltar atrás.”
Esse é um erro. O planejamento não é um documento que você faz para arquivar. É um processo vivo, que pode e deve ser retomado a qualquer momento. Se você não fez no início, o melhor momento para parar e planejar é agora.

  • Planejar significa responder perguntas difíceis:
  • Quem é o meu cliente, de verdade?
  • Qual é o tamanho do mercado?
  • Quanto eu preciso vender para cobrir custos e dar lucro?
  • Que riscos eu não estou vendo?

Uma provocação final

Imagine que você está construindo uma casa. Você começaria pela pintura sem antes definir a planta, as fundações, o encanamento? Claro que não. Mas muitos empreendedores começam seus negócios exatamente assim: pela pintura.

Planejar não é burocracia. É sobrevivência. É estratégia. É aumentar suas chances de transformar uma boa ideia em um negócio sustentável.

Se você está no meio da jornada sem ter feito isso, o conselho é simples: pare. Planeje. E só então siga adiante.


Referências

SEBRAE – “Sobrevivência das empresas no Brasil” (relatórios periódicos apontando planejamento como uma das principais causas de fechamento de MPEs).

Global Entrepreneurship Monitor (GEM) – Estatísticas globais sobre sobrevivência de empresas: cerca de 30% fecham nos dois primeiros anos, 50% até o quinto ano e apenas 1/3 resiste por 10 anos.
👉 https://www.gemconsortium.org/

CB Insights – “The Top 12 Reasons Startups Fail” (dados mostrando que aproximadamente 90% das startups não atingem o sucesso esperado).
👉 https://www.cbinsights.com/research/startup-failure-reasons-top/

Exploding Topics – “Startup Failure Rate Statistics” (consolidação de estudos indicando que 90% das startups fracassam).
👉 https://explodingtopics.com/blog/startup-failure-stats